quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Um Homem com um Garfo numa Terra de Sopas

de Jordi Sierra i Fabra


         Chema Soler, um conceituado fotógrafo no auge da sua carreira que acabara de receber um importante prémio, o World Press Photo, pela cruel imagem de matança de indígenas em Chiapas, no México suicida-se de forma inexplicável! A notícia da sua morte chega ao irmão, Isaac, que começa a interrogar-se sobre o que poderia ter levado o irmão a cometer tal acto e decide investigar, procurando tudo aquilo que pudesse levar ao verdadeiro motivo da sua morte!




O Tiago imaginou uma continuação para esta história. Cá Vai.

E, de repente, tudo à volta de Isaac foi absorvido. A noite em si e Barcelona foram dissipadas, como que sugadas para um buraco negro. E em instantes, Isaac viu-se envolvido por uma selva, por vegetação densa, onde as ervas cortavam e lhe irritavam a pele. Cheirava a árvores e no sítio oculto onde ele se encontrava agachado, a luz era pouca. E, à frente dele, estavam várias casitas de colmo, dez no máximo. E várias crianças brincavam umas com as outras, cerca de treze. Uma mulher lavava a roupa no riacho à sua direita. Havia réstias de fogueira e em volta dela uma enorme roda de mulheres, homens e velhos. Havia gargalhadas das crianças, cantigas da mulher que lavava a roupa e barulho de vozes provenientes da roda.
E um tiro ecoou os ares!
Um velho da roda de pessoas caiu com a cara nas cinzas. E, nos momentos seguintes, só se ouviam tiros de metralhadoras. Viam-se mulheres, crianças, velhos e homens a caírem redondos no chão. Isaac sacou da máquina fotográfica e tirou fotos a tudo e a nada. Tirou imensas à mulher que lavava a roupa, que agora estava com a cara mergulhada no riacho. Tirou ao velho com a cara afogada em cinzas, tirou aos atacantes que matavam tudo o que lhes aparecesse à frente, tirou a tudo.
E uma das mulheres dirigiu-se à sua casita e saiu de lá com um bebé ao colo, a chorar. E ele tirou várias a essa mulher, enquanto ela caía com várias balas cravadas nas costas. E fotografou toda aquela crueldade.
Depois de nada ser deixado para trás, viu um fotógrafo, semelhante a ele a tirar várias fotos aos assassinos. E estavam a sorrir, como se nada se passasse. Engoliu em seco e fechou os olhos…

Isaac acordou finalmente. Estava a suar imenso. Apalpou todas as partes do corpo para ver se estava inteiro e dirigiu-se rapidamente à varanda, para ver se Barcelona estava intacta.
Para seu espanto, estava.
Inspirou várias vezes, para acalmar os ânimos. Estava em pânico. Foi dos pesadelos mais reais que teve e ainda não tinha recuperado.
E observou Barcelona à noite. Linda! E pensou no ponto de vista do irmão. E, novamente, um silêncio ensurdecedor. E ele não se atreveu a quebrá-lo. Mas alguém o fez:
-Devias compreender irmão…

Tiago Lopes Brito dos Santos, 9ºA

Sem comentários:

Enviar um comentário