Foi numa noite de lua cheia
Que embalada pelo silêncio
Adormeci na erva molhada
A olhar o céu enfeitiçada.
Surgiu uma bela ave
Que me sobrevoou o pensamento
Indo pousar numa arquitrave
Dum antiquíssimo convento.
O seu cântico sugestivo
De sons agudos bem afinados
Surgia como chamamento
Para entrar naquele lugar assombrado.
Entrei pela porta entreaberta Em busca de coisas desconhecidas
A pouca luz era música
Para a valsa das sombras perdidas.
Acordei com o sol a raiar
Na minha face rosada
Triste por não ter encontrado
Algo para recordar.
Fátima Rocha
Este poema, escrito o ano passado pela Fátima, teve como ponto de partida o primeiro verso de um poema de Miguel Torga, Brinquedo.