A propósito do conto "A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho" de Mário de Carvalho alguns dos teus colegas escreveram os textos que vais ler a seguir.
Uma outra distracção de Clio - Um sonho muito real
Clio continuava aborrecida com o seu enfadonho trabalho e nem a privação de ambrósia a fazia estar mais atenta ao tear.
Como seria de esperar, um dia voltou a adormecer unindo, desta vez o dia 4 de Maio de 2010 e o dia 25 de Setembro de 1500.
Maria surgiu então, de repente num castelo, facto que a assustou. O ambiente que a rodeava era-lhe estranho e não conseguia entender como tinha ido parar àquele lugar parecido com um cenário de um filme.
A multidão que se encontrava no castelo olhava, com grande espanto, para aquela figura vestida de tecidos nunca vistos e com duas grandes rodas a tapar-lhe os ouvidos. Os mais corajosos tentavam tocar-lhe, mas o medo de que de um feitiço se tratasse falava mais alto.
Maria dirigiu-se a uma senhora, estranhamente vestida, e retirando os auscultadores perguntou-lhe:
- Pode dizer-me que lugar é este?
A mulher, com receio de ser atacada, respondeu-lhe a medo:
- Estais no castelo de sua Majestade D. Manuel! – e olhando para a multidão acrescentou – Longa vida ao rei !
A multidão repetiu aquela frase e, com medo de represálias, Maria também o fez. Quando se ia dirigir de novo à senhora para lhe perguntar porque estava ali, um homem a cavalo entrou apressadamente no castelo gritando:
- Descobri terra no meio do Atlântico! É linda, a areia é reluzente e as águas são cristalinas. É perfeita!
Quando Maria associou aquele homem a Pedro Álvares Cabral, Clio acordou e levou-a de novo ao seu tempo fazendo com que lhe parecesse não passar de um sonho mágico.
Fátima Rocha
Um novo final para o conto - Desentendimento árabe
- Aleikum salam.
Ibn-el-Muftar pareceu ter ficado agradado com o certo entendimento entre ele e o outro homem de vestes estranhas e, em árabe, disse algo que poderia traduzir-se assim:
- Onde estamos?
Ao que o capitão Soares, depois de relembrar alguns dos vocábulos e regras gramaticais daquele idioma rebuscado, decidiu responder:
- Vós estar em Lisboa, Portugal… O que estares aqui fazer?
O árabe pareceu ficar um pouco confuso, mas achou conveniente deixar bem claras as suas intenções, dizendo:
- Nós vamos conquistar Chantarim.
Porém, desta vez, o capitão não percebeu uma única palavra e disse-lhe… ou tentou dizer-lhe que tinha falado muito depressa e perguntou-lhe se não se importava de repetir.
O árabe começou a gesticular perigosamente, uma veia do seu pescoço ameaçava rebentar a qualquer momento, os seus olhos estavam repletos de cólera. Tudo isto enquanto vociferava o que pareciam ser violentos insultos.
O capitão não sabia o que fazer. O seu pouco conhecimento de árabe não lhe permitia reagir adequadamente àquela situação…
Ibn-el-Muftar ergueu a sua lança e parecia que ia libertar toda a sua raiva num único movimento, com o qual deixaria o capitão Soares num estado miserável. Para grande sorte deste, aconteceu um milagre, ou pelo menos assim lhe pareceu. Todas aquelas estranhas personagens árabes desapareceram.
Clio acordara.
Sara da Costa Tavares
E nem o vocabulário difícil escapou à vossa pena criativa
Um outro sonho
Sentou-se sob a sombra da enorme árvore, perto da qual os habituais solípedes comiam a erva fresca. Andara a flanar pelos prados e um cansaço apaziguador preencheu-lhe o corpo, invadindo-o de uma inércia tal que, num ápice, a paisagem envolvente se foi obnubilando até ser totalmente substituída pelo mundo de sonhos.
Surgiu-lhe na mente um cavalo dourado que servia de montada a um cavaleiro jovem, contudo, com ar experiente e determinado. Empunhava um alfange e um broquel. Clamores guturais e imprecações violentas faziam-se ouvir, ecoando por todo aquele cenário de guerra sangrento, em que o cavaleiro dava tudo por tudo para sobreviver e abater os inimigos.
Acordou de salto. Estava a ser difícil manter-se desligado dessas cenas que lhe aterrorizavam o espírito. O velho da aldeia havia-lhe contado, dias antes, a história de seu pai, um guerreiro brioso e com bom coração, que morreu pela aldeia na sua desesperada luta pela liberdade. O velho possuía uma eloquência extraordinária, capaz de envolver por completo quem o ouvisse.
Não tentou adormecer outra vez, pois não serviria de nada querendo ele apaziguar a mente. Encaminhou-se de volta à sua aldeia.
Sara da Costa Tavares
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