terça-feira, 17 de maio de 2011

A propósito de...

 

 

 

A propósito do conto "A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho" de Mário de Carvalho alguns dos teus colegas escreveram os textos que vais ler a seguir.

 

 

 

 


 Uma outra distracção de Clio - Um sonho muito real 

 

             Clio continuava aborrecida com o seu enfadonho trabalho e nem a privação de ambrósia a fazia estar mais atenta ao tear.
            Como seria de esperar, um dia voltou a adormecer unindo, desta vez o dia 4 de Maio de 2010 e o dia 25 de Setembro de 1500.
            Maria surgiu então, de repente num castelo, facto que a assustou. O ambiente que a rodeava era-lhe estranho e não conseguia entender como tinha ido parar àquele lugar parecido com um cenário de um filme.
            A multidão que se encontrava no castelo olhava, com grande espanto, para aquela figura vestida de tecidos nunca vistos e com duas grandes rodas a tapar-lhe os ouvidos. Os mais corajosos tentavam tocar-lhe, mas o medo de que de um feitiço se tratasse falava mais alto.
            Maria dirigiu-se a uma senhora, estranhamente vestida, e retirando os auscultadores perguntou-lhe:
- Pode dizer-me que lugar é este?
A mulher, com receio de ser atacada, respondeu-lhe a medo:
- Estais no castelo de sua Majestade D. Manuel! – e olhando para a multidão acrescentou – Longa vida ao rei !
            A multidão repetiu aquela frase e, com medo de represálias, Maria também o fez. Quando se ia dirigir de novo à senhora para lhe perguntar porque estava ali, um homem a cavalo entrou apressadamente no castelo gritando:
- Descobri terra no meio do Atlântico! É linda, a areia é reluzente e as águas são cristalinas. É perfeita!
Quando Maria associou aquele homem a Pedro Álvares Cabral, Clio acordou e levou-a de novo ao seu tempo fazendo com que lhe parecesse não passar de um sonho mágico.

Fátima Rocha


Um novo final para o conto - Desentendimento árabe
 

      - Aleikum salam.
     Ibn-el-Muftar pareceu ter ficado agradado com o certo entendimento entre ele e o outro homem de vestes estranhas e, em árabe, disse algo que poderia traduzir-se assim:
     - Onde estamos?
    Ao que o capitão Soares, depois de relembrar alguns dos vocábulos e regras gramaticais daquele idioma rebuscado, decidiu responder:
    - Vós estar em Lisboa, Portugal… O que estares aqui fazer?
    O árabe pareceu ficar um pouco confuso, mas achou conveniente deixar bem claras as suas intenções, dizendo:
    - Nós vamos conquistar Chantarim.
   Porém, desta vez, o capitão não percebeu uma única palavra e disse-lhe… ou tentou dizer-lhe que tinha falado muito depressa e perguntou-lhe se não se importava de repetir. 
  O árabe começou a gesticular perigosamente, uma veia do seu pescoço ameaçava rebentar a qualquer momento, os seus olhos estavam repletos de cólera. Tudo isto enquanto vociferava o que pareciam ser violentos insultos.

   O capitão não sabia o que fazer. O seu pouco conhecimento de árabe não lhe permitia reagir adequadamente àquela situação…
  Ibn-el-Muftar ergueu a sua lança e parecia que ia libertar toda a sua raiva num único movimento, com o qual deixaria o capitão Soares num estado miserável. Para grande sorte deste, aconteceu um milagre, ou pelo menos assim lhe pareceu. Todas aquelas estranhas personagens árabes desapareceram.
   Clio acordara.

 Sara da Costa Tavares


E nem o vocabulário difícil escapou à vossa pena criativa

 Um outro sonho

Sentou-se sob a sombra da enorme árvore, perto da qual os habituais solípedes comiam a erva fresca. Andara a flanar pelos prados e um cansaço apaziguador preencheu-lhe o corpo, invadindo-o de uma inércia tal que, num ápice, a paisagem envolvente se foi obnubilando até ser totalmente substituída pelo mundo de sonhos.

Surgiu-lhe na mente um cavalo dourado que servia de montada a um cavaleiro jovem, contudo, com ar experiente e determinado. Empunhava um alfange e um broquel. Clamores guturais e imprecações violentas faziam-se ouvir, ecoando por todo aquele cenário de guerra sangrento, em que o cavaleiro dava tudo por tudo para sobreviver e abater os inimigos.

Acordou de salto. Estava a ser difícil manter-se desligado dessas cenas que lhe aterrorizavam o espírito. O velho da aldeia havia-lhe contado, dias antes, a história de seu pai, um guerreiro brioso e com bom coração, que morreu pela aldeia na sua desesperada luta pela liberdade. O velho possuía uma eloquência extraordinária, capaz de envolver por completo quem o ouvisse.

Não tentou adormecer outra vez, pois não serviria de nada querendo ele apaziguar a mente. Encaminhou-se de volta à sua aldeia.






Sara da Costa Tavares

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