quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Um fio de fumo nos confins do mar

 
      
    O título e a imagem são sugestivos e um convite à imaginação.



    Depois de ter lido o livro, a Fátima e o Bruno imaginaram uma carta à Guilhermina. E vejam lá se não captaram o espírito da obra.




Arcozelo, 25 de Novembro de 2010
 
          Cara Guilhermina,

          Fiquei bastante intrigada com a sua história de vida.
         Por um lado, achei realmente bonito ter alguém que goste tanto de si e que a trate tão bem como o Crispim e a Mademoiselle Nadine Fabre. Pelo que vi, são pessoas realmente fascinantes e com gostos bastante distintos. A Nani, como a Guilhermina lhe chama, tem-lhe muito carinho e é uma pessoa bastante convicta das suas ideias. A maneira empenhada como se dedica à ópera, mais especialmente a Maria Callas, é bastante engraçada.
        Por outro lado Crispim foi uma pessoa que me surpreendeu imenso. É um homem bastante culto e determinado para a sua idade. O amor que ele tem pela política e pelo cinema antigo é raro de encontrar numa pessoa tão jovem.
       Quanto ao que vi da sua vida, vou dar-lhe a minha opinião muito sincera: tente descobrir as suas raízes, mas sem magoar ninguém. Como pode ver, falar da sua avó é um assunto que não agrada muito à sua mãe. Penso que no fundo ela ainda está bastante magoada com ela.
           Pode tentar descobrir a sua avó, mas se não conseguir, não se preocupe, mesmo que o Crispim e a Nani insistam. Nunca a viu na vida, no fundo sempre teve uma avó que a mimou e mima muito e não pode ter saudades de quem não conhece.
        Em relação ao seu pai, acredito que não se preocupe muito por o conhecer, pois também não pode ter saudades ou sentir falta de algo que nunca teve mas, digo-lhe que, se estivesse no seu lugar, gostava de saber, pelo menos, quem ele é e um pouco sobre ele. Acho que é importante para uma pessoa saber de quem descende, saber de histórias e hábitos dos nossos pais, saber se herdamos os olhos da mãe ou do pai, ou o cabelo da avó ou da tia...
         Além disso, ele até talvez deva ser mais fácil de encontrar do que a Guilhermina pensa…
         A decisão é sua. Mas faça o que fizer, nunca se esqueça que há outras pessoas envolvidas e seria muito cruel magoá-las.
         Boa sorte,

Fátima Rocha


P.S.- Não concorde com a sua mãe em deixar de estudar. É muito importante para o seu futuro, acredite. É um esforço que será recompensado.



E agora a carta do Bruno...


S. Félix da Marinha, 24 de Novembro de 2010

          Olá Mina,

Eu escrevo-te esta carta porque estou a par do que te aconteceu e queria dar-te uma palavrinha acerca disso.
Bom, embora não sintas muita falta do que não sabes ou de quem nunca conheceste, como a tua avó, não deves desistir de a encontrar, porque família é sempre família, por mais que se as pessoas seseparem, e a tua avóaté pode ser uma pessoa maravilhosa. Daí compreender a tua mãe e o Crispim em insistirem para que tentasses encontrá-la a partir do programa “Quem Sabe Deles”. Aliás, uma avó viscondessa! Deve ser engraçado…
         Fala-me mais da tua família! Ainda não conheço muito bem a tua quase como que avó Nani, nem o Crispim, que tu gostavas muito que se casasse com a tua mãe. Ele é realmente “doente” pelo cinema e pelo comunismo! Mas parece-me um pai bastante à altura do cargo.
          Não sei o que sentes acerca do teu “anjo”, mas isso é um assunto teu, portanto…
        Com a tua mãe, só não concordo numa coisa: acho que devias terminar o 9º ano e seguir avante com a tua vida! Não deves ficar para trás quando podes seguir o que realmente queres ser.
         A tua mãe, acho-a um pouco retrógrada até na sua maneira de ser, sem ofensa, claro, porque ela parece-me muito cuidadosa e carinhosa, mas com um estado de espírito muito “leve”, sempre com culpa do mal que sucede e tudo mais, e com as suas rendas…
      Gostaria que encontrasses a tua avó e que tivesses o Crispim como pai. Por isso, continua em frente e fala com a tua mãe sobre a escola. Fica bem.

          Beijinhos,
             
                                                                     Bruno

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O Guarda da Praia


Um dos trabalhos propostos no vosso PIL era a continuação da história lida. A Rita, do 9º B, imaginou assim a continuação de "O Guarda da Praia" de Mª Teresa Maia Gonzalez.


"Voltei a dobrar a folha e guardei-a no cofre, que fechei à chave. O mar chamou-me bem perto dos pés. Olhei em frente até me perder na linha azul ao fundo, à procura do Sol que se escondera. Definitivamente.”

Na esperança que esse Sol volte a brilhar junto a mim, encontro-me eu. Sinto uma saudade infindável de todos os momentos que passámos juntos.
Aquela sua promessa de regresso tranquiliza-me pois tenho a certeza que o Dunas era incapaz de me deixar. Era impossível que aquela relação de mãe e filho, quase verdadeira, que tínhamos desaparecesse. Nem que um milénio passasse.
Subitamente, sinto-me invadida pela necessidade de corresponder ao meu amigo. Como escritora, um lápis e uma folha de papel são os meus melhores amigos.
Sem mais nada, dou asas aos meus sentimentos e transcrevo-os para o papel:

Querido Dunas,
Li a carta que me deixaste, com a melancolia própria da saudade.
Voltei para te fazer a minha prometida visita e deparei-me com a tua ausência.
Porém, não poderia deixar de vir a este lugar tão especial, que é só nosso. Num gesto irreflectido, escavei e acabei por encontrar o teu cofre para mim destinado. Não sei o porquê, mas tinha uma certeza súbita de que algo me aguardaria. Com certeza, tu o saberás.   
Com a tua concha na mão, ganhei coragem, abri o cofre e desvendei as tuas palavras tão puras e belas quanto tu, meu amigo.
Espero que agora a tua vida corresponda realmente ao que tu mereces e sejas muito feliz.
O meu livro está acabado e espera, com todo o gosto, a tua leitura. 
Mal voltes, visita-me! Sabes onde me encontrar. Viverei na casa da praia, pelo menos até ao teu regresso, aí da América … Estarei eternamente à tua espera, pois o sentimento que se instalou em mim por ti é de um amor sem limites, tal como o de uma mãe para com o seu filho.
Guardarei para sempre tudo o que me deixaste com muito carinho e levarei sempre comigo a tua concha, pois sei que me vai dar sorte.
Nunca me esquecerei de ti e espero que também não me esqueças.
Gosto muito de ti, meu querido Dunas.
Um beijo com muito carinho da tua amiga
                        Concha
                                                                                                           
E são estas as minhas palavras para o meu querido Dunas, que espero não serem as últimas. Abro, de novo, o cofre, dobro a folha e enterro-a dentro do cofre, exactamente no mesmo sítio para que ele a possa encontrar.
 Esse é o meu único interesse neste momento…

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Um Homem com um Garfo numa Terra de Sopas

de Jordi Sierra i Fabra


         Chema Soler, um conceituado fotógrafo no auge da sua carreira que acabara de receber um importante prémio, o World Press Photo, pela cruel imagem de matança de indígenas em Chiapas, no México suicida-se de forma inexplicável! A notícia da sua morte chega ao irmão, Isaac, que começa a interrogar-se sobre o que poderia ter levado o irmão a cometer tal acto e decide investigar, procurando tudo aquilo que pudesse levar ao verdadeiro motivo da sua morte!




O Tiago imaginou uma continuação para esta história. Cá Vai.

E, de repente, tudo à volta de Isaac foi absorvido. A noite em si e Barcelona foram dissipadas, como que sugadas para um buraco negro. E em instantes, Isaac viu-se envolvido por uma selva, por vegetação densa, onde as ervas cortavam e lhe irritavam a pele. Cheirava a árvores e no sítio oculto onde ele se encontrava agachado, a luz era pouca. E, à frente dele, estavam várias casitas de colmo, dez no máximo. E várias crianças brincavam umas com as outras, cerca de treze. Uma mulher lavava a roupa no riacho à sua direita. Havia réstias de fogueira e em volta dela uma enorme roda de mulheres, homens e velhos. Havia gargalhadas das crianças, cantigas da mulher que lavava a roupa e barulho de vozes provenientes da roda.
E um tiro ecoou os ares!
Um velho da roda de pessoas caiu com a cara nas cinzas. E, nos momentos seguintes, só se ouviam tiros de metralhadoras. Viam-se mulheres, crianças, velhos e homens a caírem redondos no chão. Isaac sacou da máquina fotográfica e tirou fotos a tudo e a nada. Tirou imensas à mulher que lavava a roupa, que agora estava com a cara mergulhada no riacho. Tirou ao velho com a cara afogada em cinzas, tirou aos atacantes que matavam tudo o que lhes aparecesse à frente, tirou a tudo.
E uma das mulheres dirigiu-se à sua casita e saiu de lá com um bebé ao colo, a chorar. E ele tirou várias a essa mulher, enquanto ela caía com várias balas cravadas nas costas. E fotografou toda aquela crueldade.
Depois de nada ser deixado para trás, viu um fotógrafo, semelhante a ele a tirar várias fotos aos assassinos. E estavam a sorrir, como se nada se passasse. Engoliu em seco e fechou os olhos…

Isaac acordou finalmente. Estava a suar imenso. Apalpou todas as partes do corpo para ver se estava inteiro e dirigiu-se rapidamente à varanda, para ver se Barcelona estava intacta.
Para seu espanto, estava.
Inspirou várias vezes, para acalmar os ânimos. Estava em pânico. Foi dos pesadelos mais reais que teve e ainda não tinha recuperado.
E observou Barcelona à noite. Linda! E pensou no ponto de vista do irmão. E, novamente, um silêncio ensurdecedor. E ele não se atreveu a quebrá-lo. Mas alguém o fez:
-Devias compreender irmão…

Tiago Lopes Brito dos Santos, 9ºA