domingo, 20 de março de 2011

Porto sentido

      Eis dois textos feitos a propósito da seguinte imagem da cidade do Porto.


A cidade em Harmonia


Do lado de Gaia, junto ao rio Douro, existe um relvado verdejante. Quando lá nos encontramos a paisagem absorve-nos.
No dia em que lá fui, o céu estava cobertos de estranhas formas cinzentas resultantes de um jogo de luz e nuvens.
         Perto de mim, os barcos rabelos descansam no rio. Com as velas recolhidas, apenas se vê o esqueleto da embarcação de um castanho gasto e sujo. No alto de um dos barcos, dança uma bandeira solitária, ao sabor do vento, tentando contar-nos histórias de tempos e épocas antigas.
         Mais afastados neste rio de águas esverdeadas e pouco transparentes, viajam lentamente barcos mais modernos de turismo. As suas formas são imponentes e encontram-se repletos de pequenos pontos humanos. O rasto que deixam na água, branco e espumante, ainda se mantém por alguns momentos, até que desaparece, dando de novo lugar à uniformidade da corrente.
Lá no fundo, surge impetuosa a cidade do Porto, num aglomerado de construções que encaixam perfeitamente umas nas outras, fazendo lembrar um quadro de um digno pintor.
Vê-se também ao longe a ponte que liga as duas margens e na qual passam minúsculos automóveis com destino incerto.
Toda a paisagem mostra uma harmonia de formas e cores num disposição perfeita.

Fátima Rocha


Três barcos rabelos estavam aportados no lado de cá, baloiçando suavemente sobre as águas serenas e da cor da prata. Mais para além, outros barcos navegavam ao sabor das ondas desse manto imenso ondulante, de onde emergia, imponente, a cidade do Porto. Um casario colorido e desordenado estendia-se na encosta. As casas antigas e, aos meus olhos, instáveis, eram ponteadas por monumentos imponentes, emblemáticos da cidade. As torres das inúmeras igrejas recortavam-se solenes contra o céu cinzento e nublado que parecia querer desabar num pranto sobre aquela belíssima paisagem que muitos artistas emocionados tentam pintar nas telas que nunca conseguirão corresponder à maravilhosa realidade observada do outro lado do rio.
            No local onde o rio curva, à esquerda, a Ponte Arrábida une Gaia e o Porto, as duas cidades intimamente ligadas pelo Douro.

Sara da Costa Tavares